Este é um texto que me foi encomendado para o Jornal do Centro Acadêmico da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ. Propõe-se a ser um texto explicativo sobre o que é um C.A. e o que ele implica, para os calouros. Ele foi escrito por mim e uma outra aluna chamada Bárbara. Estou reproduzindo-o aqui porque gostei de seu resultado final e, provavelmente, ele se encaixa na situação vivida por demais CAs. Segue:
Olá, Calouro! Mais uma vez, seja bem-vindo à Faculdade Nacional de Direito. Para ajudar os alunos recém chegados nesta nova jornada, viemos, por meio deste, tentar situar da melhor maneira possível a entidade que será de suma importância à sua trajetória acadêmica: O Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (C.A.C.O.).
Para este fim, procuramos (brevemente) analisar esse órgão naquilo que ele se propõe e naquilo que ele faz de fato. Porém, tendo em vista o pequeno espaço reservado a estas linhas, decorre daí nossa necessidade de simplificação que, em alguns momentos, provavelmente recorrerá a um reducionismo – este será o nosso pecado –, o que é perdoável, tendo em vista o caráter introdutório deste texto.
O CACO é a entidade representativa do corpo discente da FND e, como qualquer Centro Acadêmico (C.A.), tem por funções organizar atividades acadêmicas e culturais como debates, palestras, cursos e festas para recepcionar e integrar os alunos; representar os estudantes nos órgãos colegiados deliberativos da Faculdade (formados em 15% por alunos), mediando a relação com a instituição; e, principalmente, lutar, junto com os outros movimentos sociais, por uma universidade pública, gratuita, democrática e de qualidade.
Suas atribuições são pacíficas em sua maioria. Entretanto, em relação às suas atribuições políticas, há aqueles que se posicionem contrariamente às mobilizações por parte dos Centros Acadêmicos, recuperando um discurso que data da ditadura.
Há aqueles que argumentam que os Centros Acadêmicos não devem ser uma entidade política, mas meramente administrativa, burocrática. (Ala) Essencialmente conservadora e fruto de uma neutralização política (se auto-denominam apolíticos, beneficiando aqueles que outrora se prejudicariam com uma maior consciência política), recorrem a este discurso pois não reconhecem na resistência uma ferramenta válida, provavelmente porque são egressos, em sua maioria, de um estrato social específico que identifica recorrentemente aqueles que lutam e resistem como antagonistas.
Há também uma segunda corrente popular de pensamento que identifica a intervenção política com baderna. Assim como a anterior, não consegue reconhecer ferramentas de ação política além das oficiais. Seja por obscurantismo ou por conveniência, ignoram a herança histórica de lutas – mais recente na era Armênio e remota na Ditadura – do próprio Centro Acadêmico ao qual se dirigem e esquecem do fato de que as lutas mais importantes desta entidade se deram na marginalidade, no sentido de que (nossa entidade) se colocou contra as intenções dos que reclamavam para si a manta da autoridade.
Estes têm, portanto, um caráter reformador, pois desejam fazer mudanças pelo simples fato de que, como o mundo é um lugar dinâmico, algumas coisas precisam mudar para que outras permaneçam as mesmas. Ou seja, para que não haja um maior acirramento que deságüe em uma efetiva mudança, propõem-se mudanças conjunturais. Isto se dá porque, à exemplo da UNE que recebe grandes montantes de verba do Governo Federal - e muito do movimento estudantil brasileiro, inclusive da FND, tem ligações com a UNE -, este tipo de pensamento anda colado àqueles que estão no poder (estejam eles eleitos ou não). Desta forma, buscam 'melhoras' sempre pelo viés oficial/burocrático, ignorando o fato de que algumas das melhoras mais qualitativas da nossa sociedade se deram à margem do poder vigente, foram ações marginais.
Contra-argumentamos apresentando a própria história do CACO. Com 92 anos de idade, nosso C.A. esteve presente em várias lutas: algumas remotas como a resistência à ditadura de Getúlio Vargas e à Militar e outras bem recentes, como o “Fora Armênio!”, em 2004, quando alunos ocuparam o gabinete do então diretor da faculdade, Armênio da Cruz, denunciando as irregularidades de sua direção.
Desde então, vivemos o que chamamos de período de reconstrução da Nacional. Muito já foi conquistado, muito já foi melhorado, porém, as lutas ainda continuam. Nós, do atual Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, dentre outras coisas, defendemos aquilo que o movimento estudantil nacional tem como maior tesouro: a ação política. Especialmente a ação política que não se restrinja aos canais oficiais¹, que nos ignora sempre que vamos de encontro à sua política e aos seus desejos.
Para este fim, procuramos (brevemente) analisar esse órgão naquilo que ele se propõe e naquilo que ele faz de fato. Porém, tendo em vista o pequeno espaço reservado a estas linhas, decorre daí nossa necessidade de simplificação que, em alguns momentos, provavelmente recorrerá a um reducionismo – este será o nosso pecado –, o que é perdoável, tendo em vista o caráter introdutório deste texto.
O CACO é a entidade representativa do corpo discente da FND e, como qualquer Centro Acadêmico (C.A.), tem por funções organizar atividades acadêmicas e culturais como debates, palestras, cursos e festas para recepcionar e integrar os alunos; representar os estudantes nos órgãos colegiados deliberativos da Faculdade (formados em 15% por alunos), mediando a relação com a instituição; e, principalmente, lutar, junto com os outros movimentos sociais, por uma universidade pública, gratuita, democrática e de qualidade.
Suas atribuições são pacíficas em sua maioria. Entretanto, em relação às suas atribuições políticas, há aqueles que se posicionem contrariamente às mobilizações por parte dos Centros Acadêmicos, recuperando um discurso que data da ditadura.
Há aqueles que argumentam que os Centros Acadêmicos não devem ser uma entidade política, mas meramente administrativa, burocrática. (Ala) Essencialmente conservadora e fruto de uma neutralização política (se auto-denominam apolíticos, beneficiando aqueles que outrora se prejudicariam com uma maior consciência política), recorrem a este discurso pois não reconhecem na resistência uma ferramenta válida, provavelmente porque são egressos, em sua maioria, de um estrato social específico que identifica recorrentemente aqueles que lutam e resistem como antagonistas.
Há também uma segunda corrente popular de pensamento que identifica a intervenção política com baderna. Assim como a anterior, não consegue reconhecer ferramentas de ação política além das oficiais. Seja por obscurantismo ou por conveniência, ignoram a herança histórica de lutas – mais recente na era Armênio e remota na Ditadura – do próprio Centro Acadêmico ao qual se dirigem e esquecem do fato de que as lutas mais importantes desta entidade se deram na marginalidade, no sentido de que (nossa entidade) se colocou contra as intenções dos que reclamavam para si a manta da autoridade.
Estes têm, portanto, um caráter reformador, pois desejam fazer mudanças pelo simples fato de que, como o mundo é um lugar dinâmico, algumas coisas precisam mudar para que outras permaneçam as mesmas. Ou seja, para que não haja um maior acirramento que deságüe em uma efetiva mudança, propõem-se mudanças conjunturais. Isto se dá porque, à exemplo da UNE que recebe grandes montantes de verba do Governo Federal - e muito do movimento estudantil brasileiro, inclusive da FND, tem ligações com a UNE -, este tipo de pensamento anda colado àqueles que estão no poder (estejam eles eleitos ou não). Desta forma, buscam 'melhoras' sempre pelo viés oficial/burocrático, ignorando o fato de que algumas das melhoras mais qualitativas da nossa sociedade se deram à margem do poder vigente, foram ações marginais.
Contra-argumentamos apresentando a própria história do CACO. Com 92 anos de idade, nosso C.A. esteve presente em várias lutas: algumas remotas como a resistência à ditadura de Getúlio Vargas e à Militar e outras bem recentes, como o “Fora Armênio!”, em 2004, quando alunos ocuparam o gabinete do então diretor da faculdade, Armênio da Cruz, denunciando as irregularidades de sua direção.
Desde então, vivemos o que chamamos de período de reconstrução da Nacional. Muito já foi conquistado, muito já foi melhorado, porém, as lutas ainda continuam. Nós, do atual Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, dentre outras coisas, defendemos aquilo que o movimento estudantil nacional tem como maior tesouro: a ação política. Especialmente a ação política que não se restrinja aos canais oficiais¹, que nos ignora sempre que vamos de encontro à sua política e aos seus desejos.
1: Isto significa que buscamos trilhar todos os caminhos possíveis, os oficiais e os não-oficiais.
Por Bárbara e Renato
